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Os ciclos que moram em NÓS

  • Foto do escritor: Psicóloga Beatriz Job
    Psicóloga Beatriz Job
  • 7 de out.
  • 4 min de leitura

O que são ciclos e para quem servem? Segundo o dicionário, refere-se a uma série de fenômenos que ocorrem numa determinada ordem e que, ao final da ordem, retorna-se ao início, repetindo-se consecutivamente. Entre eles estão as estações do ano, o clico menstrual, lunar, solar, as combinações de alguns átomos, as fases que definem a infância e, na sequência, a chegada da temida adolescência. Porém, o que controla esses fenômenos? É possível controlar algum deles? E talvez a pergunta mais importante desse artigo: será que um ciclo é sempre igual ao outro, ou é possível que haja diferenças entre eles?


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Talvez, mesmo quando um ciclo se repete, ele não seja mais o mesmo! Para compreender esse cenário, podemos observar as estações do ano – você é capaz de dizer que todos os invernos foram iguais? Ou se lembra de um inverno que foi mais intenso que os outros? O mesmo pode ser observado no verão: você percebe que, com o passar dos anos, o calor foi o mesmo ou foi se intensificando também?


Se cada ciclo fosse totalmente independente, provavelmente você não teria observações e sensações diferentes. E se a causa dessas mutações entre as estações for influência do aquecimento global, vale observar que esse aquecimento é consequência das ações de uma grande massa de pessoas – e que tais ações podem afetar ciclos importantes. Mesmo que não possamos impedir que o verão, o inverno ou a primavera cheguem, é possível que nossas atitudes afetem a qualidade, a intensidade e o tempo de cada um desses ciclos.

Sendo assim, há algo importante a se questionar: o quanto o ambiente influencia a passagem de alguns ciclos?


Assim como uma mulher, após passar por um período de extremo estresse, pode ter seu ciclo menstrual interrompido ou apresentar fortes dores acompanhadas de fluxo intenso, os ciclos de amadurecimento da vida também precisam de atenção quanto ao espaço e ao momento em que estão acontecendo.


Todos serão considerados crianças enquanto não tiverem idade para serem adultos, mas, durante esse ciclo da infância, todas as crianças passarão pelas mesmas experiências? Terão as mesmas oportunidades de se desenvolver e fortalecer?


Se uma semente for plantada junto com várias outras no mesmo terreno, isso significa que todas seguirão o ciclo da germinação? Não! Pois, dependendo dos tipos de semente, algumas prevalecerão, impedindo que outras tenham força para crescer.

Isso significa que não basta apenas vivenciar os ciclos que a vida tem, mas observar de que forma você tem passado por cada um deles! Quais oportunidades estiveram presentes? Em que condições e orientações elas aconteceram?


Aqui podemos incluir as sábias palavras de Freud (1856-1939):

“Se o sofrimento realmente ensinasse, o mundo seria povoado apenas por sábios. A dor não tem nada a ensinar a quem não encontra coragem e força para ouvi-la.”

O mesmo se dá para os ciclos: eles não são eventos isolados, mas organismos vivos, moldados pelo ambiente, pelas relações, pelas ações, pelos afetos, pelas dores e pelos aprendizados. Cada fase concluída carrega o registro do que foi vivido antes – as alegrias, as perdas, as relações, os ambientes que nos nutriram e aqueceram ou esgotaram até secar a última gota.


E, tratando-se de algo vivo, os ciclos emocionais, que também pulsam vida dentro de cada fase, também merecem reconhecimento. Porque existirão crises antes da harmonia se instalar! O segredo está no olhar – em perceber o que o ciclo tenta mostrar. Que um mesmo ciclo pode ter uma experiência completamente diferente quando se repete, porque, provavelmente, você vai buscar melhorar o que foi bom e corrigir o que foi ruim!


Então, retornando a questão inicial do artigo sobre o quanto é possível controlar os ciclos: há os que chegarão mesmo que você não busque, e outros que parecem nunca terminar – como uma DOR que retorna com força, te fazendo pensar que nada não foi superado. Mas talvez o problema não esteja no retorno da dor, e sim na dureza com que lidamos com ela.

Reconhecer um ciclo não é se julgar por ainda sentir, e sim acolher o que volta — com consciência e curiosidade para entender o porquê “disso ou daquilo” ainda estar ali, até você estar pronto, consciente o bastante para encontrar novas respostas e mudar o rumo das coisas.


Outro exemplo é o clico da rejeição: alguém que sempre se sente rejeitado quando não é correspondido pode pensar que “ainda não aprendeu a lição”. Mas, se olhar com mais atenção, talvez perceba que agora já consegue identificar o sentimento antes de reagir impulsivamente, ou que consegue conversar sobre ele em vez de se fechar. Isso também é amadurecer — mesmo que a emoção antiga ainda apareça, ela já encontra um EU diferente dentro do ciclo da rejeição.


Acreditar que todo ciclo se repete fielmente ao que lhe deu origem é o mesmo que acreditar que nenhuma mudança é capaz de transformar a situação. Mas, se até atitudes indiretas podem afetar o rumo de ciclos que fogem do seu controle (como no caso do aquecimento global que afeta nas passagens das estações), por que achar que os ciclos que te pertencem, sejam eles de superação, aprendizado ou desenvolvimento, não merecem uma visão mais consciente e madura para seguir em frente?


Note que amadurecer não é sobre eliminar os ciclos, nem tentar controlá-los, e sim aprender maneiras de como caminhar e existir dentro deles com consciência, de acordo com a sua versão atual. É entender que cada repetição traz uma nova chance de fazer diferente, de sentir com mais verdade e reagir com mais calma.


Sendo assim, a vida é feita de ciclos — mas isso não os torna poderosos a ponto de tirarem a sua autonomia de escolher como quer atravessar cada um deles. 



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Beatriz Job

Psicóloga para entender o comportamento humano. Psicanalista para desvendar os mistérios do Inconsciente. E Escritora para descrever as linguagens da mente, do coração e da alma.

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